Um olhar crítico sobre a Cartografia/ Projeção cartográfica/ Mapas para ler/ Mapas para ver




O olhar crítico muitas vezes parece inutilizável, os mapas atuais, na verdade, não são atuais, são bastante antigos, e parecem não se adaptar à realidade do desenvolvimento atual.

Essa não adaptação das tecnologias, a falta de uma reflexão mais crítica referente aos mapas, tem trazido sérios problemas. A quantidade de mapas, tanto como forma de papel, como também como forma de imagens nos meios eletrônicos, não tem sido a real solução.

A prática tem sido predominante, e com isso a técnica teórica reflexiva e crítica tem sido de certa forma esquecida, e com isso vem ocorrendo a crise dos mapas, onde os mapas parecem ser menosprezados diante de outras tecnologias, exemplo, o GPS.

As representações não podem ser levadas como algo incontestável que não seja passível de críticas, de certa forma a subjetividade se apresenta nesse campo do saber, além disso, os mapas só apresentam o que a cartografia tradicional determina.

A representação não pode substituir o objeto real, a cartografia é uma linguagem, e sendo uma linguagem é apenas uma representação, assim também como outras ciências, que são representações do mundo real, e não a realidade propriamente dita.

Os mapas são uma linguagem, uma linguagem que possui uma espacialidade de forma não sequencial, ou seja, diferentemente da linguagem verbal, a qual tem uma sequência e caminha segundo o tempo, modo temporal.

Há uma relação intrínseca entre o mapa e o território, vimos que foi através da ambição e curiosidade humana de conquistar novos territórios, através das guerras, ou através das aventuras transatlânticas que fez com que a cartografia obtivesse certo grau de avanço.

A necessidade de registrar os percursos, os caminhos percorridos, fez com que se desenvolvessem os mapas tradicionais. Diante disso, vemos que foram os países tidos como exploradores, os países europeus, que se aventuraram nesse mundo desconhecido. Contudo, sua cartografia em relação à nossa é bastante ampla, pois, obtendo o conhecimento do território, fez com que ocorresse a produção cartográfica.

A falta de conhecimento cartográfico faz com que ocorram erros na produção, assim como ocorreu com os franceses, onde a ausência de conhecimentos fez com que a produção do mapa do continente africano demonstrasse uma imensidão territorial despovoada.

Os gregos, com o seu conhecimento em astronomia, contribuíram bastante com a cartografia. Apesar também da influência da cosmogonia, também obtive ajuda do grego Erastóstenes, que calculou a circunferência da terra através do comportamento do sol.

No período medieval, houve uma pausa, ou seja, nesse período o desenvolvimento dos mapas estagnou. Das obras que restaram, a de maior significação foi a obra de Cláudio Ptolomeu.

A cartografia sofreu bastante influência, sejam elas quais forem, tanto religiosa, quanto política, pois a visão que temos é bastante europeia. Caso fosse construída por outras civilizações bastante distintas, possivelmente nossa visão de mundo seria diferente, diante de mapas totalmente diferentes dos atuais.


Nesse ressurgimento que houve da cartografia, após o longo período estagnado, Ptolomeu foi bastante decisivo com o desenvolvimento cartográfico, onde o mesmo introduziu vários recursos fundamentais, tais como as coordenadas geográficas, longitude e latitude, projeção cartográfica.

A cartografia teve várias contribuições de diversos estudiosos e cada um implantou ou desenvolveu algo significativo para a cartografia. Citarei os nomes de alguns, Mercator, Ptolomeu, Waldsemulher, Cantino, entre outros.

A neutralidade não tem base real, pois de certa forma existem fatores que influenciam decisivamente na confecção de mapas.

Conforme o livro, como eu ensino cartografia, deixa bastante claro que os mapas sofrem influências tanto econômicas, assim também como culturais. Vemos isso quando observamos nos mapas o Eurocentrismo, onde o meridiano principal está localizado na Europa.

Um grande problema na cartografia é a naturalização, é justamente a naturalização que faz estagnar o pensamento teórico, e crítico, fazendo com que aceitemos as coisas como elas são, e deixamos de indagar o porquê das coisas serem como elas são, é exatamente isso que vem acontecendo com a cartografia, e principalmente com a cartografia escolar, conforme afirma no livro que os produtores dos mapas dos livros didáticos utilizados nas escolas, esses profissionais são apenas profissionais da informática, tendo pouco ou nenhum conhecimento cartográfico.

O fundo do mapa é pouco visível pelas pessoas que têm pouco conhecimento do assunto, ou seu pensamento já está naturalizado. Se ocorrer qualquer modificação, o pensamento naturalizado indicará que algo está errado, não aceitando as mudanças, isso significa dizer que já está naturalizado, e as mudanças não são bem aceitas.

Na dinâmica em que vivemos, as coisas têm que se adaptar à realidade atual para que no cotidiano possamos interpretar os fatos com mais facilidade, fato que não vem ocorrendo com a cartografia, pois o euclidianismo se naturalizou de tal forma que qualquer mudança, mesmo que se adapte melhor à realidade, é vista com estranhamento.

A anamorfose, que é exatamente essas mudanças que poderiam ser aceitas, não é aceita devido ao pensamento inquestionável euclidiano.

Tanto a métrica, assim também como a projeção e a escala que compõem o fundo do mapa, vêm sofrendo tentativas construtivas, e acredito que são positivas dentro da cartografia, visto que a necessidade de diversificação para o ajustamento com a realidade é bastante necessária.

Conforme o livro, a mudança métrica de distância em quilômetros ou metros para distância em tempo, ou seja, há uma busca por uma projeção que apague o eurocentrismo existente nos mapas, e retire o pensamento existente nos mapas, e que também se aproxime mais da realidade, pois o eurocentrismo coloca a Europa como centro do mundo, e também não é outro país o centro do mundo, mas a busca por uma projeção que seja colocada e que demonstre que a representação não pode substituir o objeto real, e que a representação não pode substituir o objeto real, e que a representação do espaço não é inquestionável, ou algo absoluto.

Dentro da cartografia, como ela é uma linguagem, sendo uma linguagem com um objetivo específico e com finalidades distintas, temos assim duas principais linguagens, uma linguagem convencional, e a outra é o mapa que faz o uso da semiologia gráfica.

Através dessas duas nomenclaturas mencionadas no parágrafo anterior, conforme o livro no caput. 04, temos respectivamente o mapa para ler, e o mapa para ver. Quando depararmos diante de um mapa cartográfico com representações qualitativas, que para seu entendimento não faça necessário o uso de uma legenda, estamos diante de um mapa para ver. Mas quando depararmos diante de um mapa quantitativo, que para a compreensão seja necessária a utilização da legenda, estará diante de um mapa para ler. Os erros cartográficos são mais comuns ser encontrados nesses mapas para ler.

Na cartografia para compreensão, colocam-se implantações de objetos, sendo os mais comuns o modo linear, que utiliza linhas, representando estradas, e o modo pontual, que utiliza mais nos processos quantitativos, representando mais as cidades, ou densidade populacional, e também temos o modo zonal.

No mundo contemporâneo em que vivemos, com a crescente globalização, a necessidade que a ciência cartográfica tem para acompanhar a realidade atual se faz ainda mais necessária.

Com o crescimento tecnológico hoje dispomos de alguns outros recursos que também são bastante importantes, as imagens de satélites, essas imagens são muito importante para ser trabalhado dentro de sala de aula, apesar de este recurso ser bastante positivo, ele não tem condições para substituir os mapas, pois as imagens de satélites são bastante restritas apenas ao modo visual, ou seja, com essas imagens são poderemos observar o meio físico, além disso, também possui uma escala integral, ao qual iguala todos os objetos na mesma escala, com isso objetos de tamanho muito menor quando comparado a outros objetos com escala muito maior, pode ocorrer de não ser visualizado o objeto menor, fato que não ocorre nos mapas.

Já os mapas possuem recursos que nos permitem uma visualização social, do meio social, poderemos analisar o crescimento demográfico, o crescimento socioeconômico, etc.

Portanto, jamais os recursos tecnológicos poderão substituir os mapas, pois o que está faltando é a adaptação dos mapas à nova realidade atual, e ser encarado como algo passível de crítica, pois o absoluto é que faz com que esta ciência estagne o seu crescimento.


Moisés A. Muniz


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